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O que é dançaterapia?


Foto: Ahmad Odeh/Pexels

A dançaterapia é uma disciplina pedagógica e terapêutica que se relaciona com o movimento corporal e o une à psicologia. O objetivo é propiciar autoconhecimento ao participante, além de desenvolver a criatividade, auxiliar na integração física, social, mental e espiritual.

A principal abordagem terapêutica vinculada à dança é a Dança Movimento Psicoterapia (DMP), baseada no princípio de que o movimento reflete e dá suporte a determinados padrões de sentimento e pensamento. Ela consiste basicamente no uso psicoterapêutico do movimento para melhorar a integração física, emocional, psicológica e cognitiva do indivíduo. Surge do encontro entre a dança e a psicologia e faz parte das “psicoterapias das artes”.

Reconhecendo e dando suporte aos movimentos do cliente, o terapeuta favorece o desenvolvimento e a integração de novos padrões corporais mais adaptados, junto com as experiências emocionais que acompanham essas mudanças. O foco está no comportamento do movimento tal qual ele emerge dentro da relação terapêutica. Pode ser praticado em grupo ou individual, na área da saúde, educação, serviço social ou atendimento particular.

O público alvo pode ser desde crianças a adultos, incluindo problemas de aprendizagem, estresse, deficiências físicas ou mentais, autoconhecimento, reabilitação, tanto em programas de promoção de saúde como em clínicas particulares, individualmente, grupo ou famílias.

Quem pode se beneficiar da dança movimento psicoterapia:

  • Pessoas com problemas emocionais, conflitos ou estresse;
  • Pessoas que querem aumentar as ferramentas de comunicação, auto exploração ou autoconhecimento;
  • Aqueles que vivem experiências ou sentimentos esmagadores ou dificuldade em se comunicar;
  • Pessoas atingidas por trauma ou com prejuízos que podem prejudicar a capacidade de identificar e compreender as áreas de força ou fraqueza;
  • Pessoas com distúrbios alimentares e problemas com a autoimagem;
  • Questões relacionadas à autoestima.

Origem do nome

A expressão dança vem do francês “danse”, derivado de “tam”, que em sânscrito significa tensão. Sendo assim, a expressão nessa arte inclui uma intensidade corporal e, aquele que dança, relaciona-se ativamente com a natureza.

Considerando o significado da palavra terapia, oriunda do grego e cujo significado é prestar cuidados médicos ou tratar, as terapias vinculas à dança (e suas variações nominais, de acordo com o método adotado) mostram-se como meios de se cuidar do corpo e da alma.

Criação

Danças circulares. Desde os tempos antigos, o desenvolvimento psicológico do indivíduo implica em um constante ajuste da psique aos arquétipos ordenadores, nas suas dimensões conscientes e inconscientes.

Milênios de anos atrás, os arquétipos correspondiam às matrizes míticas de um povo ou de uma cultura. O mito era transmitido, normalmente, partindo de um ponto, tinha uma narrativa, muita vez circular.

As manifestações a respeito das forças sobrenaturais se davam de diversas maneiras, mas as danças circulares mostram-se como uma das mais antigas manifestações humanas em homenagem a essas potências.

Inscrições rupestres datadas de 15.000 a.C., encontradas na França, indicam que os feiticeiros dançavam em círculos, vestidos em pele de animal, tentando seduzir cervos, o que seria possivelmente um ritual de caça.

Na ocasião, as danças eram consideradas sagradas, por constituírem-se como imitações de modelos arquetípicos. Nos períodos Mesolítico e Neolítico, as danças circulares apareciam relacionando-se ao sagrado de formas variadas, desde aquelas feitas para a chuva até para pedir a cura de algum doente.

Em períodos mais recentes, a relação com o sagrado parece perder força, mas encontraram-se registros datados de 6.000 a.C., no Egito, quando os indivíduos dançavam a dança da Estrela, com o intuito de manter a ordem celeste.

Na Grécia, os rituais de amassar as uvas para se fazer o vinho eram regados à música e dança, que contagiavam a todos, em conexão com o deus da dança, do teatro e do vinho Dionísio.

No Brasil, os rituais de se amassar o trigo ocorria de forma semelhante, herança indígena. Há também inúmeras danças circulares provenientes da nossa herança africana.

Energia vital. O poder da dança como energia vital era observado nas culturas antigas, nas quais se percebia a capacidade que ela possui de oferecer a força criativa que favorece o contato com as emoções de forma corpórea e concreta, sendo terapêutica.

Após anos de repressão do lado mais obscuro e menos objetivo da humanidade, o século passado pode presenciar um retorno a valores primitivos e, dentre eles, o resgate do valor sagrado da dança e sua função curativa.

Neste sentido, tem se percebido que dançar não é apenas um “adorno” e, quando presente na educação, mostra-se um meio paralelo de oferecer ao homem uma educação que lhe permita viver com menos medos ou fobias, mas com mais percepção de si mesmo e de seu corpo como meio expressivo em relação à vida.

Fatos verídicos. As precursoras da dança vinculada a atividades terapêuticas estiveram, elas próprias, envolvidas nos benefícios que a atividade oferecia. Marian Chance (1896-1970), lesada seriamente nas costas após um grave acidente, viu suas atividades de lazer prejudicadas em razão das fortes dores que sentia.

Graças a um médico, que a orientou buscar a dança para fortalecer a musculatura de suas costas, descobriu em si potenciais ocultos, reordenou seus próprios limites e encontrou uma nova forma de prazer que a levou a especializar-se no assunto, desenvolvendo a Dança Movimento Terapia.

Na DMT, o movimento possibilita o autoconhecimento, permitindo um caminho para se adentrar em partes mais profundas de si mesmo e, consequentemente, em sentimentos difíceis de serem expressos verbalmente. São exploradas novas formas de ser e sentir, dando início a uma modificação gradual no ser.

A redescoberta do prazer do movimento livre, sem julgamentos, é propiciada pela DMT, abrindo ainda caminho para o desenvolvimento das capacidades e habilidades do ser. Embora não tenham tido a vida pessoal tão diretamente relacionada ao desenvolvimento das técnicas, María Fux (1922) e Trudi Schoop (1904-1999) aproveitaram de suas experiências profissionais para criarem métodos próprios que usavam a dança como intervenção terapêutica.

Fux, na sua experiência com uma garota deficiente auditiva, observou a importância da dança e aprimorou seu trabalho com esse público, tornando-se uma importante referência na área. Já Schoop, que tinha uma bagagem cômica em sua formação, utilizou-se destes recursos para lidar com pacientes psiquiátricos em hospitais, levando-a a desenvolver a body-ego technique.

Fonte: Namu Portal