Entenda como a Psicologia Positiva, que aposta em uma visão mais apreciativa da capacidade humana - e de uma tendência comportamental surgida na Holanda -, ajuda a perceber as pequenas alegrias. E combater a tristeza
Escondidos sob máscaras e convivendo com o medo, é possível encontrar pequenas doses de alegria no Dia Internacional da Felicidade? Entenda | Ilustração: Alexandra/Pixabay
O Brasil ficou em 36° lugar no último Relatório Mundial da Felicidade (World Happiness Report), que é divulgado anualmente pela ONU e leva em conta pontos como PIB, liberdades individuais dos cidadãos, qualidade da assistência social oferecida e até níveis de corrupção em cada uma das nações.
Diante de tal cenário, que tende a seguir negativo por tempo indeterminado, surgem as questões: como celebrar um dia que deveria ser de alegria em um momento de tantas tristezas? Como encontrar momentos de felicidade tendo que enfrentar uma rotina de notícias negativas e temor pelo que está por vir?
As respostas pode estar em um processo de autoconhecimento e de pequenas ações diárias.
“Não há receita universal”
“Estamos em um momento delicado de pandemia e precisamos reconhecer isso. Reconhecer as sensações que essa situação causa, seja frustração, medo, insegurança, é o primeiro passo. Felicidade não significa ignorar as frustrações e, sim, analisar quais ações podemos ter que nos permitam solucionar a questão. No estudo da Psicologia Positiva, a busca da felicidade está relacionada a entender os aspectos positivos do ser humano e trabalhar neles para tornar a vida mais gratificante e promover a saúde e bem estar”, afirma Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada, pela Universidade da Pensilvânia (EUA), em conversa com o iG.
Para entender melhor, é preciso conhecer o conceito da Psicologia Positiva , que explica que a felicidade não é a ausência de problema, mas sim um estado de espírito que independe de situação e lugar. A busca por ela está relacionada com o grau de entendimento que temos dos aspectos positivos do ser humano e de como trabalhamos estes pontos para tornar a vida mais gratificante.
Segundo Flora, é importante reconhecer o problema - no caso, a pandemia e os aspectos negativos que ela carrega - para poder lidar com ele de uma forma equilibrada: “não significa que precisamos ser sempre apáticos às frustrações e, sim, analisar quais ações podemos ter que nos permitam solucionar a questão. É importante praticar a gratidão, mesmo pelas coisas mais simples. Uma boa ideia é fazer um diário de gratidão por tudo o que temos em nossa vida. Isso nos ajuda a identificar coisas simples que fazem nosso dia melhor”.
“É possível tirar aprendizados nos tempos atuais, ser resiliente e encontrar as lições que precisam ser tiradas desta situação”, complementa a especialista. “Essa é uma forma de se reconhecer feliz em meio à tanta tristeza . Pensar em sua própria felicidade não é ser egoísta. Atitudes realmente egoístas são aquelas que se sobrepõem ao bem comum e fazem mal ao próximo”.
Mas como mensurar algo tão subjetivo como a felicidade? A Psicologia Positiva dá dicas.
Emoção positiva: a forma como lidamos com as nossas emoções é fundamental para uma maior sensação de felicidade. Para isso, precisamos direcionar o modo como nos sentimos sobre o passado, o futuro e como vivenciamos o presente. Trocar as emoções ruins por positivas é uma boa. Por exemplo, em vez de sentir rancor por algo que aconteceu no passado, procurar encontrar o aprendizado.
Engajamento: Você produz mais quando usa seus pontos fortes ou os pontos fracos? Sempre nos saímos melhor quando usamos nossas forças pessoais, e nos sentimos valorizados e satisfeitos, o que, em consequência, nos dá mais felicidade. Trabalhar e focar em atividades que permitam aplicar e exercer os pontos fortes é a chave.
Relações positivas: há evidências de que, grosso modo, somos a média das cinco pessoas que convivem conosco. Isso quer dizer que o contato social mais próximo influencia diretamente o bem estar diário. Importante, portanto, atentar para este convívio e refletir se ele reflete os próprios valores.
Resiliência: a resiliência é a capacidade de se recuperar e superar adversidades. Mas como é possível em acontecimentos ruins? Exercitá-la todos os dias é um bom começo, mesmo que nem sempre o objetivo seja alcançado. O importante aqui é persistir na mudança de paradigma.
Otimismo: ao contrário do que muitos pensam, o otimismo é uma característica não é um traço inerente e pode ser aprendido. Ser otimista não é ver o mundo com um filtro colorido e sim extrair das adversidades aprendizados que possam ser levados para a vida como ensinamento.
Fonte: Saúde IG